terça-feira, 29 de junho de 2010

...Amar...




Amar...



Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?


amar e esquecer,


amar e malamar,


amar, desamar, amar?


sempre,e até de olhos virados,


amar?





Que pode, pergunto, o ser

amoroso,

sozinho, em rotação universal,

senão rodar também, e amar?

(...)

 Amar a nossa falta mesma de amor,

e na secura nossa

amar a água implícita, e

o beijo tácito, e a sede infinita.




Carlos Drummond de Andrade- Claro enigma-

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário