O quarto era pequeno..uma cama, roupas em cima de uma poltrona no canto da grande janela .
Ambiente como aqueles imobiliados às pressas dos que estão fazendo a vida aos poucos.
Eu estava lá..sem saber muito bem o que desejava..nada definido como aquele quarto, sem jeito de quarto.
Um pouco de medo, deslocada do ambiente que me dava segurança... não sabia o que me esperava...mas sabia o que estava para acontecer...
Décimo sexto andar...mas o ruído da cidade entrava..barulho do mundo exterior: carros, pessoas..tudo está lá...no lado de fora...
Por alguns instantes hvia um silêncio..um certo estranhamento..uma certa reserva....a voz que quase não saia..era macia, acariciante e dengosa..mas qualquer palavras dita era grande demais..então ele se calava..e vivemos aqui um momento sem futuro...
Ele tinha o corpo pesado..o peso de minha ilusão, mas sem tomar conhecimento disso. Mas é sob esse peso que abandonava o meu presente e qualquer outro tempo que se fazia....fechei meus olhos para que o desejo me fizesse esquecer, daquele momento habitual, que ele faz da sua vida própria.
Possuia certa teatralidade quando dizia algo, artificial, mas ao mesmo tempo tão sincero...
Eu sabia que aquele fim de tarde ficaria na lembrança, mesmo esquecendo do rosto dele ou do nome..sabia que a vida não se faria comum a nós dois, porque sempre falávamos de tudo: dele, de mim, dos outros...e nunca de nós !!!
As horas que se passaram naquele pequeno apartamento, trouxe uma misteriosa felicidade em mim!!!..mesmo sem saber ô porque.
Foi assim mesmo... e é sempre.... parto sem volta prevista..certamente um dia..não voltarei mais...pois assim são as coisas..sempre morrem antes do fim da história!!!
